O port. esp. trigo, respectivamente de 1112 e de 964 (no português arcaico a forma triigo), é o lat. triticum, 'trigo'. O it. grano, frumento, fr. blé, c. 1080, e o ing. wheat, al. Weizen, ambos do séc. IX, de origem germânica, traduzem o port. esp. trigo.
O trigo é um cereal da família das gramíneas (ver), do gênero triticum, que compreende cerca de 24 espécies, das quais as mais extencivamente cultivadas são T. aestivum e T. durum.
É o cereal mais importante na alimentação humana, nas regiões de clima temperado. O arroz, seu mais próximo concorrente, e o milho predominam nas regiões tropicais.
A planta tem raízes fasciculadas, comos eretos, cilindricos, com cinco a sete nós sólidos e internós ocos na maioria das variedades. As folhas são lineares, simples, paralelinérveas, com bainhas que, em geral, cobrem cerca de 2/3 do colmo, com aurículas e lígulas. A inflorecência é uma espiga, com espiguetas sésseis.
cada espigueta consiste de duas brácteas estéreis ou glumas, e duas a cinco flores.
Cada flor tem duas glumas: a lema e a pálea, três estames e um pistilo, e duas pequenas lodículas na base.
O fruto é uma cariopse, pequena, seca, indeiscente, com uma única semente, fino pericarpo, embrião e endosperma. Tem cor vermelha, branca ou intemediária, quando o endosperma é vítreo, a cor é mais escura; quando farinhoso, mais clara.
A planta é anual, com ciclo de cerca de 90 a 180 dias, conforme o ambiente e o genótipo. O porte vai de 20cm a cerca de 2m de altura. Há variedades que necessitam de frio, sem o que não completam seu ciclo e outras cuja floração depende da duração do dia.
As grandes regiões produtoras de trigo estão nas zonas de clima temperado e chuvas, as moderadas. Fazem-se culturas nas planícies para facilitar o uso de máquinas.
Entre os principais alimenros do mundo,o trigo é o que menos necessita de água.
O excesso de chuvas, aliado a temperaturas elevadas, favorece moléstias e pragas. As maiores zonas produtoras estão na antiga URSS, nos EUA e Canadá, na Europa ocidental, no sudeste da Austrália, nos vales do Índus e do Ganges, na Índia e no Paquistão, nos pampas da Argentina, no norte da China e no vale do Nilo.
Quanto ao ciclo, há dois tipos de trigo: o de primavera, plantado na primavera e colhido no verão, e o de inverno, plantado no outono e colhido no fim da primavera e no verão.
Os trigos de inverno são plantados nas regiões deinverno moderadamente frios. com verões secos e quentes. Plantados no outono, recebem logo chuva e neve, a qual, com o degelo, ao chegar a primavera, supre o solo lentamente de água.
Os trigos de primavera são plantados nas regiões de clima temperado e frio rigoroso, onde o trigo não resistiria ao inverno, principalmente quando não tem a proteção da neve. São plantados também nas regiões onde o inverno é ameno, pois, em geral, não dependem do frio para completarem seu ciclo. Mais próximo aos trópicos e também perto do ártico, plantam-se trigos de primavera.
A parte do tigo usada na alimentação humana é o endosperma do fruto,que se transforma em farinha, pela operação da moagem, baseada no grau diferente de friabilidade do endosperma, da casca e do embrião. Enquanto o endosperma submetido a pressão quebra-se em particulas cada vez menores, a casca e o embrião fragmentam-se menos, e podem ser separados por peneiragem, para constituirem o farelo, utilizado nas rações para animais domésticos, especialmente bovinos e aves.
Quanto mais branca a farinha de trigo, menos casca e embrião contém; mas os teores mais elevados de vitaminas, sais minerais, proteínas e gorduras estão no embrião e na casca. Daí ser a farinha integral mais nutritiva, embora seja escura e de mais difícil conservação, por seu conteúdo de enzimas.
A proteína da farinha de trigo é o glutén, que determina a qualidade do pão, tornando-o macio, além de contribuir para seu valor alimentício. A farinha tem uns 12% de proteína; o restante é principalmente amido.
Há vários tipos de trigo: duros, médios, moles e um tipo especial, da espécie Triticum durum para massas alimentícias, como o macarrão.
Os trigos duros são mais ricos em glúten e de maior força, servindo, especialmente, como conrretores ou melhoradores dos trigos moles, assim chamados pela qualidades fraca de seu glúten, sendo os médios os intermediários. Os trigos moles produzem farinha melhor para bolos, biscoitos, tortas etc.
O desenvolvimento e progresso da humanidade, estão intimamente ligados à história do trigo.
Escavações arqueológicas no sul da França e na Suiça descobriram grãos de trigo fossilizado junto a ossos humanos. Esses achados e muitos outros provam que, já em tempos pré-históricos, o trigo era alimento básico do homem.
A utilização do trigo começou quando, em algumas regiões do mundo, o homem deixou de ser o nômade que colhia os vegetais a medida que os emcontrava, passando ao plantio ordenado de cereais. Acredita-se que as civilizações e o cultivo de grãos surgiram quase ao mesmo tempo, e talvez um em decorrência do outro.
Os cientistas acham que o trigo foi cultivado pela primeira vez, entre os rios Tigre e Eufrates, na antiga Mesopotânea (atual Iraque). Em 1948, o cientista norte-americano Robert Braindwood descobriu sementes de trigo no Iraque que datam de aproximadamente 6700 a.C. Os dois tipos de trigo encontrados por Braindwood são muito semelhantes, em diversos aspectos, ao trigo cultivado atualmente.
A bíblia faz frequentes referências à produção, uso, armazenamento e doenças do trigo. Por ela, ficamos sabendo que o trigo foi um importante alimento na Palestina e no Egito. Teofrasto, filósofo grego que viveu por volta de 300 a.C., escreveu sobre diversos tipos de trigo que cresciam em toda a bacia do mediterrâneo.
O trigo era plantado na China muito tempo antes do nascimento de Cristo.
Em Roma, o trigo era o cereal nobre, preferido pelos ricos, enquanto os pobres e os escravos tinham que contentar-se com a cevada. Da região mediterrânea, o grão foi levado para o resto da europa e, na Alemanha, Dinamarca, Suécia, Noruega e Finlândia foi gradualmente substittuindo outros cereais usados na alimentação.
O trigo chegou à América na época dos descobrimentos, quando Colombo trouxe algumas sementes da europa, em 1943. Hernando Cortês introduziu o cereal no México em 1519. De lá alguns missionários o levaram para os atuais estados norte-americanos do Arizona e Califórnia.
O brasil foi o primeiro país das Américas a exportar trigo, graças às plantações que possuía em São Paulo, Rio de Janeiro e outras regiões. Ao que parece, as primeiras sementes foram trazidas por Martim Afonso de Sousa, em 1534, para a capitania de São Vicente (São Paulo) onde se aclimataram muito bem.
Os trigais expandiram-se e alcançaram o nordeste.
O trigo foi plantado em Garanhuns (Pernambuco), Teixeiras (Paraíba), Meruoca (Ceára) chegando até a Ilha de Marajó no Pará. Mais tarde, desenvolveu-se também em Minas Gerais e Gaiás. Em 1737, colonos açorianos deram grande impulso ao cultivo desse cereal e o Brasil exportava grandes quantidades de trigo para Portugal.
Em meados do Século XIX, os trigais foram atacados pelas ferrugens, praticamente desaparecendo até a Primeira Guerra Mundial. A partir desse período, o governo brasileiro passou a se interessar mais pela questão, concedendo prêmios aos produtores e estimulando a pesquisa experimental. Com esse estímulo a cultura do trigo foi retomada, desenvolvendo novas espécies, mais resistentes à ferrugem.
Fonte: www.agropage.hpg.ig.com.br